Na reunião do grupo de pesquisa Comunicação Política e Sociedade (COPS), realizada na última terça-feira (20/10), o Prof. Dr. Viktor Chagas, pesquisador no Programa de Pós- Graduação em Comunicação (PPGCOM), da Universidade Federal Fluminense (UFF), falou sobre os resultados de suas pesquisas e sobre as metodologias usadas para análise de campanhas realizadas pelo WhatsApp. “No fundo, a maneira como os grupos de direita e esquerda se conformam reflete o ethos da nossa esquerda e da nossa direita”, afirma.

Segundo ele, cada grupo partidário tem sua forma de trabalhar de acordo com os hábitos e crenças de sua equipe que são percebidos por meio da análise dessa plataforma. “Chama muita atenção como os grupos de esquerda funcionam. Por exemplo, os grupos do PT geralmente são grupos fechados, listas de transmissão, ninguém fala, é muito difícil você ter de fato algum tipo de mobilização ali. Nos grupos do PSOL as pessoas estão ali basicamente para discutir o programa do candidato, aí tem a articulação de panfletagem na rua e tal. Os grupos bolsonaristas não é nenhuma coisa nem outra, é um compartilhamento incessante de links o tempo todo, com raríssimas exceções a gente tem ali grupos que conversam de fato”, conclui. 

A vice-coordenadora do grupo, Isabele Mitozo, ressalta que nesse período de campanha as pessoas têm utilizado muito o WhatsApp para divulgar informação eleitoral. “Está até virando uma ferramenta de campanha permanente em determinados grupos”, diz ela. Com isso os olhares dos pesquisadores têm se voltado para esta ferramenta e a influência que ela exerce.

O texto base para discussão inicial foi sobre o artigo “WhatsApp com política: examinando os efeitos da discussão política interpessoal em aplicativos de mensagens instantâneas” (tradução livre), de Susan Vermeer, Sanne Kruikemeier, Damian Trilling e Claes Vreese, e foi apresentado por Joilson Barros e Cristiane Miranda. Esse estudo apresenta fatores positivos desta ferramenta como o engajamento dos jovens na política, mas também fatores negativos como a disseminação de informações falsas. “O artigo cita que no Brasil, o WhatsApp foi usado de uma forma não muito boa nas eleições de 2018, porque ele foi uma grande rede de desinformação”, diz Cristiane.